Introdução: Os efeitos antimicrobianos de óleos essenciais têm sido relatados na literatura científica, sobretudo referentes ao óleo essencial de Melaleuca alternifolia, também denominado óleo essencial de Tea Tree (OTT). Tal óleo essencial apresenta propriedades antissépticas e pode representar uma alternativa de um produto natural para higienização das mãos (HM) nos estabelecimentos de assistência à saúde que atualmente utilizam predominantemente produtos à base de triclosan e clorexidina. Objetivo: Avaliar a eficácia antimicrobiana na higiene das mãos realizada com três diferentes formulações de sabonetes líquidos distintos, contendo: óleo essencial de Melaleuca alternifolia a 2,0%; sabonete com triclosan a 0,5%; sabonete com clorexidina a 2,0%, bem como compreender de que forma o uso de um sabonete com óleo essencial na higienização das mãos na prática assistencial é percebido por profissionais de saúde. Métodos: Para o experimento (etapa quantitativa) foram utilizadas as diretrizes da metodologia do Comitê Europeu de Padronização, EN1499 versão abril 2013 (phase2/step2), indicada para avaliar a eficácia de antissépticos para higienização das mãos. Foram contaminadas artificialmente as mãos de 15 voluntários sadios com Escherichia coli K12, seguida pela lavagem das mãos utilizando-se cada um dos produtos em avaliação ou um sabão de referência (soft soap). Realizou-se a contagem do número de microrganismos antes (pré-valores) e após (pós-valores) cada procedimento e foi estabelecida a redução logarítmica microbiana para cada um dos participantes em cada procedimento. Os dados foram analisados aplicando-se dois testes não paramétricos. Para a obtenção dos dados qualiquantitativos realizaram-se entrevistas cujos discursos foram analisados conforme metodologia proposta pelo discurso do sujeito coletivo (DSC). Resultados: ao ser aplicado o Teste de Wilcoxon, os três sabonetes testados obtiveram resultados superiores ao do sabão de referência (soft soap) e foram considerados antimicrobianos; constatou-se ainda a superioridade do sabonete contendo OTT e contendo triclosan em relação ao sabonete com clorexidina. Quando aplicado o Teste de Friedman, os sabonetes contendo triclosan e OTT, que apresentaram eficácias equivalentes, podem ser considerados antimicrobianos. A maior parte dos profissionais tinha algum conhecimento sobre Aromaterapia (65,21%), mas menos da metade conhecia as aplicações do OTT (43,47%). Profissionais mais jovens e menos experientes acharam o aroma do OTT agradável ou forte, mas não desagradável. Profissionais mais experientes e com mais idade o associaram ao aroma de pinho e levantaram a questão de o aroma ser incômodo para alérgicos. As principais diferenças observadas entre o sabonete com OTT e os demais sabonetes da prática assistencial foram em relação a aspectos físicos, como textura mais agradável, ao aroma e ao fato de ser menos agressivo à pele. A não agressão à pele foi considerada pelos participantes como o grande diferencial do sabonete contendo OTT, sobrepondo-se, inclusive, ao fator aroma, e que poderia contribuir para aumentar a adesão à HM. Conclusão: os sabonetes contendo OTT 2,0% e contendo triclosan 0,5% demonstraram desempenho superior em relação à clorexidina 2,0%. O não ressecamento da pele por produtos de HM é fundamental para aumentar a adesão dos profissionais de saúde. Além disso, a presença do aroma no sabonete pode ou não ser um fator de estímulo.
Introdução. Os efeitos antimicrobianos dos óleos essenciais têm sido relatados na literatura científica, sobretudo referentes ao óleo essencial de Tea Tree (Melaleuca alternifolia). Tal óleo essencial tem demonstrado propriedades antissépticas e pode representar uma alternativa de um produto natural para higienização das mãos nos estabelecimentos de assistência à saúde que por ora utilizam predominantemente produtos à base de triclosan e clorexidina. Objetivo. Avaliar a eficácia da higiene das mãos na redução da carga microbiana realizada com duas formulações de sabonetes líquidos já disponíveis no mercado, contendo: óleo essencial de Tea Tree 0,3% e sabonete com triclosan na concentração de 0,5%; comparar dois procedimentos referência, sendo um da metodologia oficial (soft soap) e o outro da versão draft (soft soap + propan-2-ol). Método. Foram utilizadas as diretrizes da metodologia do Comitê Europeu de Padronização, EN 1499, indicada para avaliar a eficácia antimicrobiana de produtos para higiene das mãos. A metodologia recomenda a contaminação artificial das mãos de 12 a 15 voluntários sadios com Escherichia coli K12, seguida pela higienização das mãos com cada produto em avaliação. Ainda segundo a metodologia, os resultados além de serem comparados entre si, são comparados com um sabão de referência (soft soap), no mesmo voluntário, dia e sob condições ambientais semelhantes. Foi realizada a contagem do número de microrganismos antes (pré-valores) e após (pós-valores) cada procedimento. O fator de redução logaritimica entre os pré e pós-valores representou a atividade antimicrobiana de cada produto testado, permitindo evidenciar a eficácia dos produtos em teste comparativamente ao produto referência (soft soap seguido ou não por propan-2-ol). Resultados. Em termos de redução logarítmica, o sabonete contendo óleo essencial de Tea Tree à 0,3% foi mais eficaz do que o sabonete contendo triclosan à 0,5% (3,89 log10 x 3,59 log10), porém, pelo teste de Wilcoxon, não houve diferença estatisticamente signficante. Em relação à eficácia antimicrobiana, nenhum dos dois sabonetes apresentou desempenho superior a nenhum dos dois procedimentos referência (soft soap ou soft soap + propan-2-ol). O procedimento de higienização das mãos de referência utilizando soft soap + propan-2-ol (proposto pela versão draft da metodologia EN 1499), demonstrou-se mais eficaz do que apenas o uso do soft soap (descrito na metodologia oficial).
Introdução: As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde se tornaram um grave problema mundial de saúde pública e de segurança do paciente, em cuja prevenção a enfermagem tem enorme contribuição. Nos sistemas de saúde, a Atenção Primária à Saúde é considerada um elemento chave, sendo responsável pelo seguimento longitudinal dos indivíduos e suas famílias. Um dos indicadores utilizados para avaliar a eficácia da Atenção Primária à Saúde é composto por uma lista de condições denominadas Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. A hipótese principal desse estudo é que pacientes cujo motivo da hospitalização foram Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária podem ser mais vulneráveis à aquisição de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. No entanto, não encontramos estudos anteriores que investigaram a associação de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária com a aquisição de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Objetivo: Identificar se existe associação entre Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária e aquisição de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico de coorte, conduzido em hospital público de atendimento terciário do Estado de São Paulo. A amostra incluiu 605 pacientes adultos recrutados após 48 horas de internação e acompanhados até o aparecimento das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde ou por um período máximo de 30 dias. Os casos de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde foram identificados pela equipe hospitalar da Comissão de Controle de Infecção de acordo com seu processo de rotina, utilizando critérios padronizados. Utilizou-se questionário estruturado para caracterizar o perfil demográfico, socioeconômico e de saúde dos participantes. As variáveis relevantes de morbidade e de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária foram coletadas do prontuário médico eletrônico médico do participante; a ocorrência de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária foi definida de acordo com a lista nacional brasileira. Os dados foram apresentados com análise descritiva e univariada com nível de significância p < 0,05. Foram utilizados três modelos de análise estatística para avaliar o desfecho diante de variáveis socioeconômicas e clínicas selecionadas: 1) Modelo de regressão logístico; 2) Modelo de regressão multinível e 3) Estudo de caso-controle aninhado, utilizando o escore de propensão para pareamento dos casos. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e do Hospital das Clínicas. Resultados: Dos 605 participantes identificamos 4,5% episódios de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde; 8,3% pacientes com Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária e 0,8% com pacientes Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária e que adquiriram Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Houve predomínio do sexo masculino e de brancos entre os grupos com Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde e com Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária; a idade média variou de 52,3 a 58,5 anos. A média dos anos de estudos entre os grupos variaram entre 7,5 anos a 8,8 anos. A renda familiar média mensal no grupo com Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária e Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde foi a menor (R$ 1.308,60). Houve predomínio da população do município de São Paulo, que apresenta Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 0,805 e Índice de Gini de 0,62. A infecção do sítio cirúrgico foi a mais frequente (21,8%, n=7). As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primárias mais frequentes foram as doenças cerebrovasculares (31%) e diabetes mellitus (18%). Os modelos logísticos (regressão e multinível) revelaram associação entre as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde e as Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (respectivamente odds ratio de 2,960, IC95%: 0,9998,773; odds ratio de 2,877, IC95%: 0,960-8,262). Conclusão: Os resultados demonstraram uma associação entre as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde e Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. As variáveis socioeconômicas não apresentaram associação com a ocorrência de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde e Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. Ainda, não foi possível observar no desenho deste estudo se os determinantes socioeconômicos podem influenciar negativamente no processo de saúde com relação às Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Assim, fazem-se necessários mais estudos com outras abordagens metodológicas, como estudos multicêntricos e estudos mistos, para que seja possível explorar melhor o contexto socioeconômico e sua relação com o aparecimento das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde.
Introdução: A endoftalmite é uma das complicações mais graves após procedimentos oftalmológicos invasivos (POI). Sua magnitude é desconhecida no Brasil devido à falta de um sistema de vigilância epidemiológica. A enfermagem tem um papel fundamental nos processos de prevenção e monitoramento desse agravo. Objetivo: Avaliar o processo de implementação de um sistema de vigilância epidemiológica para endoftalmite (SIVEN) após POI. Método: Trata-se de um estudo de caso sob a perspectiva da ciência da implementação, com abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando como referencial o Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR). Foi realizado em parceria com a Divisão de Infecção Hospitalar do Centro de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. O estudo foi realizado em cinco fases: 1) Planejamento da estratégia de implementação; 2) Caracterização do contexto por meio de um questionário eletrônico; 3) Implementação preliminar; 4) Análise do processo de implementação por meio de entrevistas semiestruturadas com participantes do SIVEN, transcritas para análise de conteúdo segundo Krippendorf. As categorias emergentes foram organizadas de acordo com os domínios e constructos do CFIR; 5) Implementação final. Foram elegíveis os estabelecimentos de saúde (ES) do estado de São Paulo que realizavam cirurgias de catarata ou injeção intravítreo. Resultados: O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) revelou inexatidão dos dados de contato dos ESs, o que impossibilitou conhecer o número exato de ESs elegíveis e dificultou o recrutamento de participantes. O resultado do questionário eletrônico apontou falhas nos padrões de prevenção de infecção nos ESs. Participaram do SIVEN 110 dos 1.483 ESs elegíveis no período de Setembro de 2017 a Junho de 2019 perfazendo uma taxa de adesão de 7,4%. Entre os ESs que aderiram, apenas cinco (17%) enviaram dados de mais de 10 meses/ano. O número de POIs realizados no período foi de 111.686. Foram notificados 47 casos de endoftalmite após a realização de 81.152 cirurgias de catarata (incidência de 0,06%); 14 casos de endoftalmites foram notificados após a realização de 30.534 injeções intravítreo, (incidência de 0,05%). O principal agente etiológico identificado foi o Staphylococcus spp em 17 (27,9%) casos. Na análise de conteúdo das entrevistas, emergiram os principais fatores que podem ter facilitado a adesão ao SIVEN: o reconhecimento pelos participantes da importância e necessidade do SIVEN, a sua simplicidade operacional e a possibilidade de geração de dados para comparação. As potenciais barreiras que emergiram foram a falta de clareza entre os participantes sobre a vigilância epidemiológica como a evidência principal, as particularidades da oftalmologia e a dificuldade dos ESs para obtenção dos dados. Conclusão: O contexto atual revelou a dificuldade em identificar os ESs elegíveis devido às falhas no CNES; verificou-se também que as condições para prevenção de endoftalmites ainda se encontram aquém do desejado em muitos ESs. A estruturação e operacionalização do SIVEN demonstraram-se complexas, com adesão ainda parcial dos ESs. A incidência identificada de endoftalmites após POI é baixa, embora o número de indivíduos sob risco potencial seja elevado. Os principais fatores apontados que podem ter influenciado a implementação do SIVEN foram relacionados ao contexto interno e às características da intervenção e dos indivíduos.
Dissertação de MestradoDOI10.11606/D.7.2016.tde-13102015-155959DocumentoDissertação de MestradoAutorMaciel, Amanda Luiz Pires (Catálogo USP)Nome completoAmanda Luiz Pires MacielE-mailE-mailUnidade da USPEscola de EnfermagemÁrea do ConhecimentoCuidado em SaúdeData de Defesa2015-06-08ImprentaSão Paulo, 2015OrientadorBarbosa, Maria Clara Padoveze Fonseca (Catálogo USP) Banca examinadoraBarbosa, Maria Clara Padoveze Fonseca (Presidente) Fortaleza, Carlos Magno Castelo Branco Nichiata, Lucia Yasuko Izumi Título em portuguêsLimitações para investigação e notificação de surtos de infecções relacionadas à assistência à saúde no Estado de São Paulo: uma abordagem de métodos mistosPalavras-chave em portuguêsEnfermagem Infecção hospitalar Surtos de infecções Resumo em portuguêsIntrodução:A detecção de surtos de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e sua investigação são atividades de extrema importância para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, pois os resultados da investigação podem identificar a fonte e o veículo do foco de transmissão, contribuir para implantação de medidas apropriadas para a prevenção de casos novos, fornecer informações para o avanço da epidemiologia hospitalar e traduzir a qualidade da vigilância epidemiológica do serviço de saúde.Embora a notificação de surtos seja obrigatória desde 1998, um estudo mostrou que apenas 25% dos eventos são notificados para as autoridades sanitárias. Objetivos: Identificar, segundo a percepção dos profissionais de controle de IRAS, quais são as limitações para investigação de surto de IRAS e as restrições para notificação do evento às autoridades sanitárias. Métodos: O estudo utilizou uma abordagem de métodos mistos, sob o desenho convergente paralelo. Para a abordagem quantitativa foi realizado um inquérito utilizando-se um questionário eletrônico na plataforma do DATASUS (FormSUS) e foram incluídos profissionais de controle de IRAS que atuam no Estado de São Paulo. Para a abordagem qualitativa foram realizados grupos focais nas cidades de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto e foram incluídos os profissionais de controle de IRAS que atuam nessas cidades. Para os resultados do inquérito foi realizada uma análise descritiva e para os achados dos grupos focais foi aplicada a análise de conteúdo. Após a análise das abordagens os resultados foram comparados. Resultados: Participaram 87 profissionais de controle de infecção no inquérito e 22 profissionais nos grupos focais, sendo a participação de (60%) enfermeiros e (40%) médicos similar nas duas abordagens. Houve convergência nos seguintes temas:i) Profissionais de controle de infecção têm dificuldade em aplicar conhecimento em investigação de surtos na prática; ii) Recursos humanos e materiais são suficientes, mas há falta de planejamento de trabalho; iii) Apoio institucional frágil para questões relativas ao controle de IRAS; iv) Profissionais de controle de infecção sabem como notificar (84%), mas não sabem a relevância da notificação dos surtos para a saúde pública; vi) Profissionais de controle de infecção não notificam por medo de punição (64%) ou exposição da imagem da instituição (52%). Em dois temas houve a divergência entre as abordagens quantitativas e qualitativas: i) Laboratório: no inquérito a maioria relatou um bom suporte laboratorial, mas nos grupos focais houve queixas sobre o serviço; ii) Relação com autoridades sanitárias: no inquérito profissionais de controle de infecção citaram uma boa interação (50%) e não punitiva (84%), mas nos grupos focais citaram como insuficiente e punitiva. Conclusão: O estudo mostrou que as barreiras à investigação de surtos de IRAS e notificação às autoridades sanitárias são conhecimentos, habilidades e apoio institucional. As autoridades sanitárias devem superar estas barreiras, reconstruindo suas estratégias para aproximar os serviços de saúde, bem como fornecer programas educativos translacionais para apoiar a melhoria dos processos de investigação de surto.
Introdução: A tuberculose é uma doença de repercussão mundial que desafia os serviços de saúde (SS). Estima-se que um terço da população mundial apresenta a forma latente da doença. Os profissionais da saúde (PAS) inseridos na assistência direta podem ter maior probabilidade de contágio; entretanto, os índices de ocorrência da doença nesta população não foram, até o momento, reconhecidos de forma sistemática. Objetivo: Estimar a prevalência e a incidência de tuberculose ocupacional nos serviços de saúde. Método: Trata-se de uma revisão sistemática de literatura segundo protocolo do Joanna Briggs Institute, que buscou responder quais os índices de tuberculose ocupacional nos SS. Foram considerados estudos primários que incluíssem dados de incidência e prevalência de tuberculose ocupacional ou de viragem tuberculínica em PAS. Foram definidos como PAS indivíduos em formação ou formados em cursos na área da saúde e que atuam na assistência direta. Quanto a SS, foram consideradas instituições de atendimento em qualquer um dos níveis assistenciais e que realizam atendimento direto a pacientes suspeitos ou portadores de tuberculose em suas fases transmissíveis, de forma a manter a homogeneidade da investigação. Foram excluídos os relatos de surtos e as ações dirigidas a populações em geral. Resultados: Foram identificadas 2.081 citações potencialmente relevantes em dez bases de dados, sem limites de tempo e idioma, a seleção final levou a 17 estudos. Em todos os artigos selecionados o desfecho estudado foi tuberculose latente. Não foram identificados estudos com dados com relação à tuberculose doença. O teste tuberculínico foi utilizado em 88,2% dos estudos. A prevalência de tuberculose latente (TL) variou entre 0,1% e 59,7% e a taxa de incidência anual variou de 3,3% a 26%. Um estudo identificou a densidade de incidência de 547/100.000 pessoas/ano. Conclusão: As evidências demonstram que a tuberculose é um importante agravo entre os PAS nos Serviços de Saúde, com importantes variações de acordo com o contexto. Os resultados indicam que a despeito da relevância do fenômeno, ainda há lacunas de informação sobre a incidência e a prevalência da tuberculose doença em PAS.
Introdução: As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) constituem um problema de interesse global por seu impacto para a segurança dos cuidados em saúde. Consequentemente, demandam a implantação de políticas públicas eficazes para sua prevenção e controle. Uma manifestação concreta das políticas públicas é o estabelecimento e manutenção de programas nacionais específicos para a prevenção e controle de IRAS. Objetivo: O objetivo do estudo foi analisar e comparar a implantação dos programas nacionais de prevenção e controle de IRAS no Brasil, Chile e Israel. Métodos: Trata-se de um estudo de caso descritivo e exploratório que utilizou o modelo do triângulo de análise de políticas de saúde para comparar o contexto, o processo, o conteúdo e os atores destes programas governamentais. Os dados foram coletados entre 2014 e 2017 em três fases: Fase I acesso às páginas eletrônicas dos programas nos países selecionados; Fase II visita à sede do programa nacional e Fase III - construção do modelo teórico explicativo. Resultados: Elementos comuns entre os três países foram identificados permitindo a proposição de um modelo teórico explicativo constituído de dois núcleos: núcleo de formação - composto por três componentes estratégicos (gerador de necessidade, formador de alternativas e promotor do interesse social); e núcleo de desenvolvimento e sustentabilidade dos programas composto por outros quatro componentes estratégicos (gerador de decisão, gerador de sustentação, gerador de renovação e patrocinadores do processo). Conclusão: O modelo proposto contribui na compreensão dos fatores que podem influenciar o progresso de um programa nacional de IRAS, fornecendo reflexões sobre elementos para o estabelecimento de programas em países nos quais ainda estão incipientes.
Introdução: a validação de dados de sistemas de vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde é fundamental para assegurar a qualidade das informações notificadas. Objetivo: desenvolver um protocolo que possa ser utilizado pelos serviços públicos de saúde brasileiros para validar os dados que compõe o sistema de vigilância epidemiológica das infecções de sítio cirúrgico (ISC), no Estado de São Paulo. Métodos: estudo metodológico, realizado entre fevereiro de 2014 e janeiro de 2018 em três etapas: I) Estudo de revisão de estratégias adotadas por sistemas governamentais para a validação de dados de sistemas de vigilância das ISC; II) Execução de um estudo piloto de validação de dados de ISC em uma região do Estado de São Paulo; III) Elaboração do protocolo de validação de dados de ISC para o Estado de São Paulo. Resultados: a revisão da literatura demonstrou não haver um método padrão adotado pelos sistemas governamentais de vigilância para a validação de dados de ISC. No entanto, foram identificados estratégias e elementos críticos para protocolos de validação como método para a identificação dos casos de ISC e para a análise dos resultados e, recursos humanos e materiais necessários. O piloto de validação foi realizado em cinco hospitais, com revisão de 168 prontuários de pacientes submetidos às cirurgias selecionadas. Esta etapa permitiu a identificação das adequações necessárias ao método proposto e seus resultados reforçaram a necessidade de verificar a acurácia dos dados de ISC reportados no Estado de São Paulo. O protocolo para a validação de dados de ISC desenvolvido descreve as etapas de planejamento de recursos, preparo da equipe de validadores, método para cálculo do tamanho da amostra de hospitais e prontuários, instrumento para coleta de dados e método de análise dos resultados. Conclusões: o protocolo elaborado mostrou-se ser exequível e possui potencial para ser utilizado por outros sistemas governamentais que possuam metodologia semelhante à adotada para a vigilância das ISC no Estado de São Paulo.
Introdução: as infecções de sítio cirúrgico (ISC) estão entre as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) de maior frequência. Autoridades governamentais devem estabelecer prioridades para a vigilância epidemiológica, reconhecida como um importante instrumento para a redução das taxas de ISC. Vários países em desenvolvimento não possuem condições de conduzir um Sistema de Vigilância das Infecções de Sítio Cirúrgico (SVISC) que inclua todos os tipos de cirurgia; portanto, critérios devem ser utilizados para selecionar os indicadores mais adequados a serem monitorados. Desde 2004, o SVISC do estado de São Paulo tem focado somente as taxas de ISC dos procedimentos classificados como limpos; entretanto, em 2011 reconheceu a necessidade de implementar alterações no sistema vigente até então. Objetivos: o principal objetivo deste estudo foi selecionar e implementar indicadores para o novo SVISC do estado de São Paulo. Métodos: o estudo foi conduzido de agosto de 2011 a julho de 2013; uma combinação de três métodos foi utilizada sequencialmente: 1) Estudo metodológico de revisão da literatura e consulta a especialistas objetivando identificar os critérios mais adequados para a seleção dos indicadores a serem monitorados em âmbito governamental; 2) Elaboração de ferramenta documental para apoiar a implementação do novo sistema de VE das ISC; 3) Estudo epidemiológico descritivo dos resultados dos indicadores de ISC após a implementação do sistema. As instituições de saúde notificantes do novo sistema (n=555) representaram 82,7% de todas as instituições consideradas com potencial para notificação. Resultados: os principais critérios identificados para a seleção dos indicadores de ISC foram a) magnitude da realização do procedimento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde brasileiro; b) severidade do dano em caso de ISC; c) potencial impacto de estratégias de prevenção; d) recomendação por norma federal; e) potencial para futuro benchmarking com pelo menos três outros SVISC. A seguir são apresentados os procedimentos cirúrgicos selecionados para a vigilância no novo sistema e suas respectivas taxas de ISC para o percentil 75 e número de procedimentos cirúrgicos notificados referentes ao ano de 2012: parto cesariano: 0,79% (n=304.198), revascularização do miocárdio: 9,0% (n=12.000); artroplastia do joelho: 2,2% (n=10.225), artroplastia do quadril: 3,9% (n=9.984), craniotomia: 6,8% (n=8.514), mastectomia: 0,0% (n=9.515) e os seguintes procedimentos realizados por laparoscopia: colecistectomia: 0,0% (n=54.960), herniorrafia: 0,0% (n=21.627), histerectomia: 0,0% (n=9.071), apendicectomia: 0,0% (n=8.122) e colectomia 0,0% (n=1.963). Conclusões: o desenvolvimento de critérios suporta a seleção racional de indicadores de ISC para o monitoramento no âmbito governamental. Apesar da adesão satisfatória das instituições, os dados obtidos sugerem que algumas taxas podem ser subnotificadas. Esforços devem focar a melhoria da qualidade dos dados
Introdução: A propagação das infecções em serviços de saúde pode ocorrer devido ao não cumprimento das precauções padrão e precauções específicas por parte dos profissionais da assistência a saúde, indivíduos e visitantes. Estudos demonstraram baixa adesão às medidas de precaução pelos profissionais da assistência a saúde, o que pode ter relação com os aspectos do comportamento humano, como a falsa percepção de um risco invisível e a subestimação do compromisso individual nas taxas de infecções relacionadas à assistência a saúde. Com relação aos indivíduos e familiares a orientação inadequada, que se restringe apenas em dizer o que deve ou não ser feito pelo familiar e indivíduo, não esclarece o objetivo principal das precauções, fazendo com que a adesão aos procedimentos não ocorra ou ocorra de maneira inadequada. A partir da década de 1980, teóricos em saúde coletiva propuseram o conceito de vulnerabilidade para ser utilizado como quadro de referência para apoiar o manejo de agravos em saúde. No presente estudo, o conceito de vulnerabilidade foi utilizado como referencial teórico para a abordagem dos aspectos que envolvem o conhecimento e engajamento do indivíduo nas situações que requerem precauções específicas. Objetivo: elaborar e validar com especialistas um roteiro de orientação escrito sobre precauções específicas para indivíduos adultos, tendo como quadro de referência o conceito de vulnerabilidade. Métodos: trata-se de um estudo do tipo metodológico. O estudo foi aplicado em três fases sequenciais: a coleta de dados por meio de aplicação de um questionário dirigido aos indivíduos, a elaboração do roteiro de orientação aos profissionais de saúde e a validação desse material. O estudo foi desenvolvido em dois hospitais, sendo um deles universitário público de nível assistencial secundário e o outro um hospital geral privado com atendimento a convênios de saúde. Participaram do estudo indivíduos adultos que se encontravam em situação de precauções específicas para a transmissão de doenças durante a internação, no período do estudo. Foram convidados a participar como juízes na validação profissionais de saúde com conhecimento reconhecido na área de prevenção de transmissão de doenças ou na temática de vulnerabilidade. O Índice Validade de Conteúdo (IVC) de 0,75 foi utilizado como critério para validação dos tópicos desenvolvidos no instrumento de orientação. Resultados: foram entrevistados 39 indivíduos, em média sete dias após a instituição das precauções específicas. A maior parte estava em precaução para contato. Menos da metade sabia que necessitava de algum cuidado específico; dentre estes, menos da metade sabia como se transmitia seu agravo. O roteiro educacional foi desenvolvido de modo a proporcionar maior conhecimento nos aspectos usualmente negligenciados pelos profissionais e estimular o cuidado centrado na individualidade. Todos os itens tiveram um índice de validade de conteúdo acima de 75%. Conclusão: o roteiro educacional apresenta potencial para instrumentalizar os profissionais da assistência à saúde para a elaboração de ações educativas para indivíduos adultos em precauções específicas. Espera-se que este roteiro possa ser aplicado rotineiramente pelos profissionais nos serviços de saúde, visando a minimizar os efeitos indesejados decorrentes das situações de precauções específicas para transmissão de doenças.
Introdução: Entre os possíveis Eventos Adversos (EA) mais importantes após cirurgias de catarata estão a endoftalmite, termo que define a infecção intraocular e a Síndrome Tóxica do Segmento Anterior (TASS), que consiste na reação inflamatória aguda pós-cirúrgica. Contudo, um sistema de vigilância epidemiológica (VE) da ocorrência destes EA não é uma realidade no Brasil, o que dificulta o monitoramento da incidência, detecção precoce de surtos e as medidas de prevenção. Devido as especificidades no campo da oftalmologia, nem sempre o enfermeiro está suficientemente instrumentalizado para contribuir na detecção e monitoramento de casos. A identificação de marcadores destes EA factíveis de serem acompanhados por este profissional irá favorecer o desenvolvimento de um sistema de VE. Objetivo: Identificar os marcadores mais adequados para o diagnóstico epidemiológico de EA após cirurgias de catarata visando à instituição de um sistema de VE específico. Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal de série de casos de pacientes submetidos a cirurgias de catarata, realizado em duas etapas. Etapa I: abordagem retrospectiva por meio de revisão de prontuários dos pacientes com diagnóstico de EA (21 casos) no período de abril/2010 a fevereiro/2013. Etapa II: abordagem prospectiva por meio de revisão de prontuários dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata sem EA (309 controles) nos meses de maio e junho/ 2013. A amostra baseou-se em um teste de proporções entre duas amostras assumindo que a amostra de controles seria 15 vezes maior que a de casos para detectar uma diferença de pelo menos 35 pontos percentuais na incidência da apresentação de características clínicas entre os dois grupos com erro tipo I de 5% e poder do teste de 90%. As variáveis pesquisadas foram os sinais e sintomas característicos do pós-operatório de cirurgias de catarata bem como informações demográficas e clínicas destes pacientes. Foi realizada estatística descritiva por meio de frequências relativas e absolutas. Resultados: Pacientes com EA apresentaram o diagnóstico de endoftalmite e TASS, respectivamente, em 19 (90,5%) e dois casos (9,5%). Dentre os casos, os sinais mais observados foram: córnea nebulosa, reação de câmara anterior (RCA), edema de córnea (>70%) e hipópio, hiperemia conjuntival, turvação vítrea e dobras na membrana Descemet (>40%). Dor ocular foi o sintoma relatado por 14 (66,7%) dos pacientes. Dentre os controles, no primeiro dia após a cirurgia os sinais mais apresentados (>50%) foram: RCA, edema de córnea, hiperemia conjuntival e dobras na Descemet. Córnea nebulosa e edema palpebral em mais que 30% dos pacientes. Os sinais e sintomas que apresentaram diferença maior que 35% entre os casos e controles foram: presença de hipópio, vítreo turvo, córnea nebulosa. RCA, hiperemia conjuntival, edema de córnea e dor ocular. A incidência de aplicação de antibiótico intra-vítreo e número de retornos foram maiores entre os casos do que nos controles. Uma ferramenta para auxiliar no sistema de VE foi sugerida a partir dos resultados obtidos no presente estudo. Conclusões: Os marcadores clínicos e epidemiológicos considerados mais adequados para compor uma ferramenta para VE foram: dor, edema de córnea, hiperemia conjuntival, hipópio, RCA, vítreo turvo, aplicação de antibiótico intra-vítreo e número de retornos. A ferramenta proposta por este estudo tem potencialidade para subsidiar a atuação do enfermeiro no sistema de VE de EA para cirurgias de catarata.
Introdução: A prevenção de infecções relacionadas com a assistência à saúde (IRAS) é universalmente considerada relevante para os sistemas de saúde, pois afetam tanto os pacientes quanto os profissionais da assistência. As mãos dos profissionais constituem o elo importante na cadeia de transmissão de microrganismos entre o paciente colonizado e aquele que não tem tal status. A higienização das mãos (HM) é o meio mais efetivo para minimizar o risco de transmissão e envolve a escolha de um produto eficaz e bem aceito pelo profissional. Atualmente há indicação preferencial para o uso de produto alcoólico para HM para a maioria das situações. Entretanto, na prática, outros produtos germicidas também têm sido indicados. Entre eles, o gluconato de clorexidina (GCX), que é uma biguanida catiônica que tem sua atividade antimicrobiana atribuída à invasão na membrana e posterior ruptura das membranas citoplasmáticas, resultando na precipitação do conteúdo. O GCX tem sido utilizado em situações específicas, porém ainda sem evidências que justifiquem sua indicação prioritária. Objetivo: O objetivo deste estudo é selecionar e analisar as evidências científicas para fundamentar a indicação prioritária do uso de sabonete com GCX para HM na assistência à saúde. O estudo propõe como objetivos específicos identificar as evidências científicas disponíveis referentes a HM realizada com sabão contendo GCX quanto: a associação com a redução das IRAS, a relação do uso contínuo com a seleção de microrganismos resistentes a GCX e a relação com a saúde da pele das mãos dos profissionais. Método: Trata-se de um estudo de revisão sistemática, finalizada em abril de 2017, cujo método seguiu as recomendações do Instituto Joanna Briggs (JBI) e do Systematic Review and Meta-analysis Protocols (PRISMA-P) 2015. A aplicação da estratégia PICO buscou responder os objetivos específicos. Incluiu-se como base de dados para a pesquisa: Medline, Cinahl, Lilacs, Embase, Cochrane Library, Scopus, Web of Science, ProQuest, Google Scholar e Teses como literatura cinzenta, sem restrição de linguagem e publicadas a partir de 1985. A seleção dos artigos contou com dois revisores que utilizaram instrumentos de avaliação do JBI. Análise dos dados: Este estudo gerou três revisões, uma para cada pergunta de pesquisa. A revisão relacionada a transmissão de infecção incluiu 764 artigos, 40 para leitura integral e quatro estudos incluídos na revisão, 75% dos artigos com desenho quase-experimental, nenhum artigo foi excluído pelo instrumento de avaliação JBI. Os quatro artigos não mostraram diferença significativa de taxas de infecção quando relacionados ao uso do GCX. A revisão relacionada com a seleção de microrganismos resistentes a GCX incluiu 533 artigos, 27 foram para leitura integral e 12 artigos foram selecionados, dois dos quais foram excluídos ao serem avaliados pelos critérios JBI. Entre os 10 artigos, 60 % eram estudos descritivos. A análise dos resultados dos 10 estudos científicos mostra que três não relacionam o uso do GCX com a seleção de microrganismos resistentes enquanto sete estudos sugerem que o uso contínuo pode selecionar microrganismos resistentes a este princípio ativo. A revisão relacionada com a aceitação dermatológica captou 611 artigos, 27 para leitura integral e oito artigos foram selecionados, dos quais 75% eram estudos experimentais. O estudo E6 foi excluído por não atender questão eliminatória do instrumento JBI. A análise dos resultados dos sete estudos sugere que o uso do GCX está associado à maior número de eventos de reação de pele. Conclusão: o uso do GCX para HM não mostrou impacto na redução das IRAS. Os dados sugerem que o uso indevido ou prolongado pode selecionar microrganismos resistentes à GCX e a aplicação do produto está relacionada a eventos de pele, o que pode impactar nas taxas de adesão de HM.