Precauções específicas para transmissão de microorganismos: elaboração e validação de instrumento para contribuir na redução da vulnerabilidade individual

JUSKEVICIUS, Luize Fábrega

Resumo: Introdução: A propagação das infecções em serviços de saúde pode ocorrer devido ao não cumprimento das precauções padrão e precauções específicas por parte dos profissionais da assistência a saúde, indivíduos e visitantes. Estudos demonstraram baixa adesão às medidas de precaução pelos profissionais da assistência a saúde, o que pode ter relação com os aspectos do comportamento humano, como a falsa percepção de um risco invisível e a subestimação do compromisso individual nas taxas de infecções relacionadas à assistência a saúde. Com relação aos indivíduos e familiares a orientação inadequada, que se restringe apenas em dizer o que deve ou não ser feito pelo familiar e indivíduo, não esclarece o objetivo principal das precauções, fazendo com que a adesão aos procedimentos não ocorra ou ocorra de maneira inadequada. A partir da década de 1980, teóricos em saúde coletiva propuseram o conceito de vulnerabilidade para ser utilizado como quadro de referência para apoiar o manejo de agravos em saúde. No presente estudo, o conceito de vulnerabilidade foi utilizado como referencial teórico para a abordagem dos aspectos que envolvem o conhecimento e engajamento do indivíduo nas situações que requerem precauções específicas. Objetivo: elaborar e validar com especialistas um roteiro de orientação escrito sobre precauções específicas para indivíduos adultos, tendo como quadro de referência o conceito de vulnerabilidade. Métodos: trata-se de um estudo do tipo metodológico. O estudo foi aplicado em três fases sequenciais: a coleta de dados por meio de aplicação de um questionário dirigido aos indivíduos, a elaboração do roteiro de orientação aos profissionais de saúde e a validação desse material. O estudo foi desenvolvido em dois hospitais, sendo um deles universitário público de nível assistencial secundário e o outro um hospital geral privado com atendimento a convênios de saúde. Participaram do estudo indivíduos adultos que se encontravam em situação de precauções específicas para a transmissão de doenças durante a internação, no período do estudo. Foram convidados a participar como juízes na validação profissionais de saúde com conhecimento reconhecido na área de prevenção de transmissão de doenças ou na temática de vulnerabilidade. O Índice Validade de Conteúdo (IVC) de 0,75 foi utilizado como critério para validação dos tópicos desenvolvidos no instrumento de orientação. Resultados: foram entrevistados 39 indivíduos, em média sete dias após a instituição das precauções específicas. A maior parte estava em precaução para contato. Menos da metade sabia que necessitava de algum cuidado específico; dentre estes, menos da metade sabia como se transmitia seu agravo. O roteiro educacional foi desenvolvido de modo a proporcionar maior conhecimento nos aspectos usualmente negligenciados pelos profissionais e estimular o cuidado centrado na individualidade. Todos os itens tiveram um índice de validade de conteúdo acima de 75%. Conclusão: o roteiro educacional apresenta potencial para instrumentalizar os profissionais da assistência à saúde para a elaboração de ações educativas para indivíduos adultos em precauções específicas. Espera-se que este roteiro possa ser aplicado rotineiramente pelos profissionais nos serviços de saúde, visando a minimizar os efeitos indesejados decorrentes das situações de precauções específicas para transmissão de doenças.
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